Com isolamento social, demanda por corridas reduz e taxista passa a fazer delivery
Certamente, você já deve ter ouvido que “enquanto uns choram, outros vendem lenço”. O ditado sugere a ideia de que, apesar de muitos sofrerem na crise, algumas pessoas podem encontrar boas oportunidades para os negócios.
O taxista Caio Boher é um exemplo disso.
Com a redução na demanda por corridas e o aumento nos pedidos de comida por entrega, Caio vislumbrou uma nova oportunidade. Afinal, em meio à pandemia de Covid-19, o serviço de delivery vem sendo um ponto de apoio fundamental para quem pode manter o isolamento social – a medida comprovadamente mais eficaz para diminuir a curva de contaminação e não sobrecarregar o sistema de saúde. No Paraná, por exemplo, o governador Ratinho Júnior colocou a entrega entre a lista das profissões essenciais, que podem continuar atuando.
Restaurantes e pequenos empreendimentos locais, como cafés e docerias, intensificaram a sua divulgação via delivery. Apesar da facilidade na parceria com os aplicativos de entrega, Camila Frankiv e Amanda Kosinski, do restaurante Central do Abacaxi, deixaram de oferecer essa opção aos clientes depois do primeiro fim de semana da quarentena em Curitiba. “A maior crise para a gente foi moral. Ao mesmo tempo em que precisamos da Central para viver e pagar as meninas, a gente não queria expô-las ao risco e também queríamos preservar os clientes. Percebemos que os motoqueiros estavam sem instrução. Entendemos que eles precisam do trabalho para sobreviver, mas a gente não se sentiu segura. Ficamos apreensivas e mudamos o sistema”, conta Camila, explicando que agora os pedidos são realizados apenas via Whatsapp.
A Central do Abacaxi contratou apenas um entregador, o taxista Caio Boher, do projeto Café no Táxi (antes da pandemia, ele servia café passado na hora aos clientes). A escolha foi pela cautela do taxista, que usa máscara e luvas, higieniza o carro com produtos bactericidas, tem álcool gel no veículo e até tirou a barba.
Caio fechou parceria com alguns estabelecimentos locais, o que permite a ele ter alguma renda nesse momento em que o táxi está praticamente parado. Para isso, ele está cobrando taxas fechadas e não o valor do taxímetro. “Reduzi os preços para ajudar os lugares e para que eu possa sobreviver”, afirma, informando que também presta serviço realizando compras de supermercado e farmácia para pessoas que fazem parte do grupo de risco, além de levar passageiros em consultas médicas ou vacinações. Para preservar a própria saúde e não se tornar um transmissor, Caio está atendendo apenas corridas agendadas e tem tentado ao máximo se manter em isolamento social.
A consultora de negócios do SEBRAE Paraná, Márcia Giubertoni, avalia que utilizar um único entregador terceirizado ou realizar o delivery com equipe própria é uma boa alternativa para esse momento. “Dessa forma é mais fácil garantir que todos os cuidados de higiene estão sendo tomados. Também analise se negócios próximos estão precisando do serviço. Isso barateia os custos e fica mais interessante para a pessoa que faz a entrega”, acrescenta.
A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba reforçou as recomendações de segurança para o delivery: os entregadores precisam manter distância de 1,5 m dos demais entregadores e funcionários dos restaurantes enquanto aguardam os pedidos, devem higienizar as mãos com álcool e deixar a entrega preferencialmente na portaria, além de higienizar as máquinas de pagamento. As empresas também devem oferecer acesso para lavagem das mãos, com água, sabão e toalhas descartáveis. A secretaria destaca ainda a importância dos consumidores optarem por pagamento digital antecipado e descartar todas as embalagens antes de consumir o produto.
Crédito da foto e matéria: Jeniffer Oliveira