Sangue laranja continua salvando vidas

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Taxistas fazem doação de sangue pela quinta vez consecutiva

Não é nada fácil fazer das tripas coração, mas o povo brasileiro tira isso de letra. É uma pena que nem todo mundo tem essa determinação para transformar o pouco em muito quando o assunto é ajudar o outro. No entanto, um grupo de taxistas curitibanos entende bem a essência de fazer aquilo que pode para tornar o mundo um lugar melhor. Mesmo que cada um faça um pouquinho, juntos eles conseguem uma grande mobilização e, simplesmente, pensando no bem do próximo.

Manuella Gebran Dallegrave e Defrânquine Fontes estiveram presentes desde o início da campanha para orientar todos os taxistas.
Manuella Gebran Dallegrave e Defrânquine Fontes estiveram presentes desde o início da campanha para orientar todos os taxistas.

Conscientizados sobre o papel social que eles representam, os taxistas realizaram mais uma campanha de doação de sangue, chamada “Meu Sangue Laranja Salva Vidas”. O nome da ação já diz muito sobre seu objetivo, afinal uma bolsa de sangue pode ser transformada em uma nova chance de vida para até três pessoas e os envolvidos nessa campanha não medem esforços para incentivar doações.

A iniciativa, que foi realizada em duas etapas durante o mês de maio, recebeu apoio do Jornal Bandeira UM e incentivo do Governo do Estado do Paraná. “Ficamos muito felizes com as manifestações de apoio. Isso nos deu uma motivação maior para trabalhar em prol dessa causa”, declara Defrânquine Fontes, secretário da UTC e um dos responsáveis pela organização da campanha. Defrânquine acrescenta que a equipe do Hemepar também colaborou muito para que tudo ocorresse da melhor forma.

Realizada anualmente desde 2016, o dia oficial da ação é 5 de maio, mas esse ano a data foi alterada. “Como na data de aniversário da campanha os agendamentos para doação já estavam lotados, no dia 7 conseguimos 34 vagas e no dia 11 mais 15”, explica Defrânquine, ressaltando que, devido a pandemia de covid-19, o atendimento no Hemepar está sendo reduzido para a segurança de todos.

Waldeocyr e Pinguim foram uns dos primeiros taxistas a chegarem ao Hemepar para participar da ação.
Waldeocyr e Pinguim foram uns dos primeiros taxistas a chegarem ao Hemepar para participar da ação.

Segundo Marilise Caus, assistente social e responsável pela captação de doadores do Hemepar, iniciativas como a dos taxistas são importantes para a manutenção dos estoques de sangue, pois o Hemepar atende 384 hospitais públicos, privados e filantrópicos. “Grupos de um mesmo segmento unidos reúnem um número maior de pessoas e conseguem propagar a ideia, o gesto de doar sangue, que é de extrema importância para que os hospitais sejam abastecidos e tenham a garantia de sangue para os pacientes”, analisa Marilise.

Durante a pandemia, a equipe do Hemepar tem tomado várias medidas extra de segurança, como conferir a temperatura dos doadores antes mesmo deles entrarem no local e controlar o distanciamento entre as pessoas. A enfermeira Manuella Gebran Dallegrave até entrou no grupo de Whatsapp dos taxistas interessados em doar sangue para dar orientações básicas sobre o que pode e o que não pode no momento da doação, quais são os critérios que impedem uma pessoa de doar e demais dúvidas que os integrantes pudessem ter. “O apoio foi focado em desconstruir alguns mitos. Por exemplo, muitas pessoas ainda acreditam que é preciso estar em jejum, como no exame de sangue, para fazer a doação, quando na verdade é preciso estar muito bem alimentado. Tem gente que acha que não pode doar sangue porque faz uso contínuo de medicamentos, mas existem casos que são permitidos. Eu também sempre dou ênfase em como funciona o atendimento no Hemepar para que o procedimento seja mais ágil e eficaz”, explica a enfermeira.

Manuella afirma que fica muito feliz em fazer parte da ação. “Essa campanha é simplesmente sensacional. Fico emocionada de ver a dedicação e carinho dos taxistas ao reunir tantas pessoas para ir doar sangue, um ato de amor ao próximo muito bonito. Ainda mais nesse momento, em que o mundo todo está precisando de mais empatia e compaixão. Fico feliz quando é meu plantão e encontro eles lá. Sinceramente acho que é disso que o mundo precisa, de mais sangue laranja”, declara.

Edson Gomes é taxista há 5 anos e foi a primeira vez que ele doou sangue.
Edson Gomes é taxista há 5 anos e foi a primeira vez que ele doou sangue.

No que depender de Juliano Gaspar, de 46 anos, sangue laranja é o que não vai faltar. Ele é taxista há 24 anos, doa sangue desde a adolescência e foi um dos responsáveis por organizar as primeiras ações do grupo de taxistas. “De tanto conversar com as pessoas e ver a necessidade que há sobre a doação de sangue, há cinco anos lancei essa campanha junto com outros taxistas. As coisas foram crescendo e, a cada ano, o resultado da iniciativa só melhora”, considera ele, afirmando que ajudar o próximo é sempre importante, ainda mais tendo a oportunidade de fazer isso de uma forma que não custa nada e leva apenas alguns minutos.

Itamar Rangel, mais conhecido como Pinguim, também promete participar da ação por muito tempo. “Este ano é a primeira vez que fui participar da campanha Meu Sangue Laranja Salva Vidas, mas acabei não conseguindo fazer a doação no dia porque minha pressão estava muito alta. A equipe do Hemepar me orientou a voltar depois de 15 dias. O engraçado é que nunca tive problema com pressão, mas acredito que fiquei  empolgado de mais e isso atrapalhou”, relata Pinguim, brincando que na próxima ação vai ficar sentado e quieto até chegar a sua vez. “Faz oito anos que sou taxista e visto a camisa do setor, então estava muito animado por participar de algo tão importante junto com meus colegas”, justifica.

Matheus foi o primeiro a doar sangue na campanha deste ano.
Matheus foi o primeiro a doar sangue na campanha deste ano.

Mobilizar quase 50 taxistas para doar sangue, mesmo em meio a pandemia, mostra o sucesso da campanha. “O número de participantes sempre varia, mas acredito que o apoio do governador Ratinho Junior e do Jornal Bandeira UM fez toda a classe de taxistas se envolverem mais esse ano. Sempre visando ajudar o próximo, sem esperar nada em troca”, comenta Defrânquine, explicando que foram confeccionadas cerca de 50 máscaras na cor laranja para proteger todos os doadores e que eles tiveram que respeitar o distanciamento social durante todo o processo.

O jornalista Fernando Cruz, assessor do governador Ratinho Junior, apoiou participando do evento.
O jornalista Fernando Cruz, assessor do governador Ratinho Junior, apoiou participando do evento.

Além de darem o próprio sangue pela causa, os taxistas procuram inspirar toda a sociedade para fazer o mesmo. Inclusive, duas rádios táxis cederam 100 vouchers para contemplar 50 pessoas com ida e volta ao Hemepar durante as doações de sangue. Alguns taxistas independentes também se disponibilizaram para fazer o translado de pessoas que queriam doar. É claro que, devido às medidas para evitar a propagação do covid-19, não foi possível fazer algo tão amplo. No entanto, o grupo pretende realizar mais vezes ações como essa.

Fotos e matéria: Jeniffer Oliveira

Edição Impressa

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