30 de novembro foi escolhido para celebrar a data em Curitiba
Em muitos lugares do Brasil o Dia do Taxista é comemorado em 25 de julho, que também é Dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas e, portanto, protetor dos taxistas, mas em Curitiba a categoria recebe um destaque maior. Aqui o Dia do Taxista é celebrado em 30 de novembro, desde que a Lei Municipal número 8.607, de 17 de abril de 1995, entrou em vigor. A data foi escolhida porque nesse dia foi criado o Conselho Municipal de Serviços de Táxi de Curitiba (Contaxi), pela Lei Municipal 8.323, de 1993.
O Dia do Taxista serve para exaltar essa categoria tão importante para a sociedade e que tem usado os desafios do mercado para se reinventar. Há muitos motivos para festejar esta data. Afinal, a classe mudou de atitude com o passar do tempo, os profissionais tornaram-se mais unidos e passaram a se mobilizar com mais força e frequência. As associações e grupos de taxistas lutam constantemente pelos direitos da profissão, pois o taxista está mais engajado com os assuntos ligados à sua vida profissional. Inclusive, vários líderes têm atuado nacionalmente pela evolução do segmento.
Muitos profissionais se conscientizaram sobre a qualidade no atendimento ao cliente e estão frequentemente se capacitando para atender passageiros cada vez mais exigentes. No entanto, a maioria dos taxistas sempre prestou um serviço de alta qualidade. Eles não são psicólogos, mas ouvem e prestam atenção em diferentes relatos e, às vezes, até ajudam com conselhos. Não são guias turísticos, mas vivem dividindo seu conhecimento sobre os pontos da cidade. Também não são historiadores, mas sempre têm algum fato importante para contar.
Nesta edição, o Bandeira UM preparou um compêndio especial de histórias inspiradoras como forma de homenagear a categoria. Em relação ao dia 30 de novembro, nossa equipe na pessoa do jornalista Fernando Cruz deseja os parabéns, mas os taxistas têm nosso respeito e consideração em todos os dias do ano. Não é fácil abrir as portas do próprio carro para quem nunca viu antes, ter paciência para encarar o trânsito e dirigir por horas a fio, sempre com educação e bom humor. Os taxistas são verdadeiros exemplos de dedicação.
Você sabia?
O artigo 3 da lei nº 8607/1995 afirma que “fica instituído, facultativamente, o uso da Bandeira 2 no dia 30 de novembro, em comemoração ao Dia do Taxista”.
É corrida ou pegadinha?
Taxista parecido com Mr. Bean confunde passageiros
Se você perguntar por Elcio Aparecido Perin nos pontos de táxi, dificilmente vai encontrá-lo. Todo mundo só o conhece por Mister Bim, devido a sua grande semelhança com o protagonista da série britânica Mr. Bean. O apelido foi abrasileirado por Elcio, mas além da semelhança física, ele geralmente utiliza o figurino igual ao original – o que acaba confundindo os passageiros. “A maioria entra no carro, olha diferente, com curiosidade, mas não fala nada a respeito, acredito que ficam com vergonha de perguntar. No entanto, sempre acontece de algum passageiro achar que é pegadinha da televisão. Outros pedem para tirar Selfie, gravam vídeos, pedem para eu mandar um abraço para algum conhecido, é uma diversão que torna o trabalho mais agradável”, conta o Mister Bim de Curitiba.
Elcio é taxista desde 1995, mas no início dos anos 2000 começou a ouvir de alguns conhecidos e passageiros que era muito parecido com o Mr. Bean. A frequência na comparação se tornou tão grande que ele foi pesquisar e, depois de ver algumas imagens do tal personagem, viu que as pessoas tinham razão. “Quando vi que realmente era parecido, passei a explorar mais esse lado do Mister Bim. Além de paletó, gravata e calça igual ao do personagem, também tenho o meu Ted, o ursinho de pelúcia e fiel companheiro do Mr. Bean”, explica Elcio, acrescentando que isso lhe rendeu muitos trabalhos extras.
Apesar de continuar apaixonado por sua profissão de taxista, Elcio já explorou outras áreas. Devida a semelhança com Mr. Bean foi contratado para animar festas de aniversário e atuou algumas propagandas publicitárias. “Em julho entrou no ar uma campanha da Cup Noodles que protagonizei. Ela vai ficar rodando por um ano e rendeu uma boa graninha extra, mas não foi nada fácil gravar. No comercial sou atropelado por um pote gigante de Cup Noodles, que pesava em torno de 700 kg e tinha mais quatro pessoas em cima. Não teve dublê, eu realmente fiz a cena toda para ficar mais realista”, revela Elcio.
Sempre taxista
Paulo já teve outras profissões em paralelo, mas nunca deixa o táxi de lado
Quando se tornou taxista, Paulo Roberto Cunha estava no serviço ativo da polícia militar. Inclusive, foi no Batalhão de Trânsito que ele descobriu sua paixão pela direção. “Entrei para a polícia em 1966 e foi lá que aprendi a dirigir. Me apaixonei e queria muito comprar um carro, mas era muito difícil naquela época”, lembra Paulo, explicando que trabalhar como taxista foi a melhor alternativa para continuar vivendo sua paixão pela direção.
Em 1973, Paulo começou a trabalhar como “sabugo”, mas passou de motorista auxiliar para fixo quando adquiriu seu primeiro carro: a Brasília 463, em 1983. Desde então, nunca mais parou. “Com o passar do tempo, consegui condições de comprar um carro particular, mas o que eu amo mesmo é o táxi. Até hoje, eu só uso o táxi e não penso em mudar”, afirma.
Como sempre foi muito ativo, Paulo também nunca parou de buscar conhecimento e se aventurou em novas áreas, mas sem deixar de ser taxista. “Além de gostar muito da profissão, o táxi sempre me deu condições de estudar e de manter os estudos dos meus filhos”, afirma Paulo, que se formou em Gestão Hospitalar em 2015 e começou a cursar Fisioterapia, mas já tinha feito curso de auxiliar e técnico de enfermagem anos antes. “Infelizmente tive que trancar o curso, em 2017, porque tive desgaste em quatro vértebras, mas pretendo voltar assim que estiver melhor”, explica, afirmando que o curso de fisioterapia trouxe conhecimento que o ajuda a orientar tanto colegas de trabalho quanto passageiros.
Um exemplo de honestidade
Boa atitude de taxista curitibano viralizou na internet
O taxista Paulo deu um bom exemplo para a sociedade em 2015, mas o caso repercute na internet até hoje. O post original contando o ocorrido passou de 47 mil curtidas, tem quase mil comentários e continua sendo compartilhado.
Na noite de 24 de outubro de 2015, Rodrigo Nickel teve que buscar remédios na farmácia porque estava doente há quase duas semanas e na volta pegou uma corrida com Paulo. “Viemos trocando várias ideias bacanas e ainda ficamos conversando uns 10 minutos na frente de casa porque o papo estava interessante. Porém, como estava com dores, vim o caminho inteiro deitado no banco de trás e, quando saí do táxi, não reparei que meu celular havia caído no chão”, Rodrigo relata como tudo começou.
Quando ele se deu conta, logo depois, a primeira reação foi ligar para o celular, mas como tinha deixado sem som, Paulo não escutou e a bateria acabou. Na manhã seguinte, Rodrigo tentou rastrear via iCloud, mas estava dando erro. Então, ele ligou para todas as centrais de táxi da cidade, mas não obteve sucesso porque não tinha nenhuma informação, como número do taxi, por exemplo. “Já tinha desistido quando resolvi ligar novamente. O telefone tocou e a esposa dele atendeu radiante porque era a chance que eles tinham de devolver o celular para o dono. Eles foram atrás de um carregador para possibilitar o contato para recuperar o aparelho”, descreve Rodrigo.
Paulo foi até a casa de Rodrigo devolver o celular e se negou a cobrar a corrida. Então, Rodrigo decidiu compartilhar essa história, indicando Paulo como um taxista de confiança, trabalhador, honesto e que merece ser reconhecido pelo seu exemplo de pessoa.
Começando do zero
Amabile reconstruiu sua vida virando taxista
Maria Amabile Loregian sempre foi dona de casa ou, como ela mesmo define, sempre foi uma Amélia. No entanto, quando o marido faleceu, há quase 20 anos, ela viu sua vida virar de cabeça para baixo. De repente, estava viúva, sem casa, sem dinheiro e com três filhos pequenos para criar. Nesse momento, ela saiu de Curitiba e foi para Pontal do Paraná, onde começou a trabalhar vendendo louças. “Eu andava por toda a cidade carregando os produtos no muque, lembro que os carreteiros ficavam impressionados porque nem eles carregavam tanto peso”, conta Amabile.
Foi fazendo muitas vendas que Amabile conseguiu juntar dinheiro para comprar um Gol branco de duas portas e alimentar a esperança de mudar de vida, virando taxista. “Fui na prefeitura atrás de uma concessão, queria começar a trabalhar com tudo certinho, mas falaram que eu só conseguiria a liberação se tivesse um carro zero quilômetro”, lembra Amabile, afirmando que nada em sua vida foi fácil.
Confiante de que Deus estava ao seu lado e iria lhe ajudar a conseguir o carro novo, Amabile foi para uma revendedora em Paranaguá. Usando roupas simples e calçando uma rasteirinha, ela foi abordada por um vendedor, que logo taxou que ali não era lugar para ela, dizendo que não tinham nenhum carro que ela pudesse pagar. “Eu poderia ter desistido naquele momento, mas eu pensei ainda mais que tinha que provar minha capacidade. Fui para Curitiba e consegui comprar um corsa zerinho”, se orgulha, revelando que deixou os funcionários da prefeitura surpresos ao voltar com o que foi exigido. “Aí eles tiveram que dar a minha concessão e, desde que peguei ela, nunca mais parei. Vida de taxista não é nada fácil, as vezes atendemos pessoas bem difíceis de lidar, mas graças a Deus encontramos muito mais boas pessoas no caminho, tem passageiros que nem dá vontade de finalizar a corrida para não perder a companhia”, relata Amabile.
Por: Jeniffer Oliveira